Além do pódio

 

Passamos a maior parte de nossas vidas em busca da realização dos nossos sonhos, trabalhando incansavelmente para alcançar o pódio, nosso objetivo final, nossa autorealização. Mas o que acontece quando finalmente alcançamos o que tanto desejamos? Seremos aplaudidos, talvez até “endeusados”, mas será isso suficiente? Será essa realmente nossa busca? Isso realmente nos satisfaz? No início, certamente sim, mas e depois?

 

O importante em nossas vidas é a jornada, é através dela que crescemos e evoluímos como seres humanos, é através dela que nosso legado é construído. O pódio é reservado para os melhores, para os vencedores, mas é importante ressaltar que nossa permanência lá não é eterna, até porque imagine um atleta ao receber o seu prêmio, ele sobe no pódio e é bastante aplaudido, mas não dá para permanecer lá, pois além de ser cansativo para ele, será cansativo também para as pessoas que o assistem.

 

O pódio é um lugar elevado, almejado por muitos, mas não é espaçoso nem confortável. Estar lá significa parar, estagnar. É um momento de reconhecimento pelo esforço e dedicação, mas também uma pausa para descansar da caminhada e dos obstáculos vencidos, uma oportunidade para recuperar o fôlego e continuar.

 

Infelizmente, muitas pessoas não têm essa visão e correm o risco de se sabotar, descendo do pódio e retornando ao caminho anterior, o que pode ser doloroso e frustrante. É importante saber a hora de descer, caso contrário, seremos empurrados, pois os competidores continuarão trabalhando para chegar ao primeiro lugar. É preciso desocupar o espaço.

 

O que fazer para não retroceder?

 

Para evitar o retrocesso, é crucial manter-se fiel à direção estabelecida desde o início da jornada. É essencial preservar a integridade do "eu" que iniciou essa jornada e alcançou o pódio, pois o sucesso pode despertar nosso lado mais obscuro, resultando em uma metamorfose negativa. Controle mental e manipulação colidem com o sucesso e reconhecimento, vícios e autodestruição tendem a surgir junto com o nosso brilho.

 

Não retroceder significa permanecer firme, compreendendo que após o pódio, nossa jornada continua, talvez não em busca de outro pódio, mas sim em busca de ajudar outros a conquistá-lo. 

 

O pódio não é a linha de chegada, mas sim o início de uma nova corrida, uma nova trajetória, novos aprendizados e, principalmente, uma nova história. Não necessariamente como atletas, mas talvez como mestres ou treinadores. Nossa performance pode não permitir competir, mas nossos ensinamentos sim.

 

As vitórias dos atletas serão também as vitórias de seus treinadores e mestres. Indiretamente, alcançaremos muitos pódios, e nossa satisfação será duradoura, pois estaremos deixando um legado e eternizando nossa história.