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Novembro



Estamos no mês de novembro. O sol já está quase se pondo e estou sentada próxima a janela que se embaçou com o sopro de uma vida futura e passada. 

Quem sou eu? Uma boa pergunta para o leitor que a faz. Chamo-me Rebeca de Souza Mariano Bastos, filha de Mônica Bastos e Edmundo Mariano. 

Uma das coisas que certamente herdei da minha mãe foi a coragem de lutar e vontade de vencer, e do meu pai "cavalheiro da esperança" o desejo de ver meus ideais realizados. 

1993 certamente o início. Cidade pequena, como de costume todos já se conhecem, assim não foi diferente com meus pais. Começaram a namorar quando ela tinha 15 anos, namoraram por três anos, após esse tempo,finalmente se casaram. Um casamento que não era aceito por todos, então decidiram não convidar ninguém, além dos padrinhos, para assistirem o casamento de última hora.

O amor que um tinha um pelo o outro ultrapassava todos os limites, e foi assim que deu início a uma nova vida. Em 15 de setembro de 1997, eu, Rebeca, nasci. Nada é tão romântico como ouvir um relato honesto e completo da história de amor de um casal. Somos muito privilegiados quando esta história é a de nossos pais. Cresci ouvindo como meus pais se conheceram e casaram. 

As fotos dos álbuns de família servem como um cartaz para nos ajudar a “ver” a mamãe e o papai como eram quando se interessaram um pelo outro. Em pensamento, retrocedo no tempo, silenciosamente observando seu momento do destino, e nessas vidas, o melhor de Deus se cumpriu na vida deles.Não me lembro de exatamente tudo da minha infância, mais lembro o essencial: Sempre fui amada, tive bons exemplos, tive boas amizades, tive e tenho Deus, cuidando de mim e me protegendo. lembro o cheiro dos lençóis lavados, a guerra para escovar os dentes, histórias contadas antes de adormecer, o desejo de chegar em casa e depois, outra vez a vontade de sair.

Um prato especial nos dias de festa; birras; é preciso vestir aquela roupa nova; acordar com um beijo; adormecer com uma oração; natal; primos; visitas a casa dos avôs; brincadeiras. Às vezes notar, sem notar, uma expressão semelhante a tristeza ou cansaço no rosto do pai ou no rosto da mãe. 

Depois, brincadeira de novo. Música, flores, sorrisos. É tão bom ser pequenina. Durante muito tempo estive convencida de que era a infância que acendia nas pequenas coisas de todos os dias essa música e esse encanto que agora recordo. Lembro-me de quando estava começando a aprender a ler, chegava em casa animada, pra treinar com mamãe, torcendo pra chegar o próximo dia, para chegar na escola, mostrar a professora o tal desempenho. 

Quando aprendi, finalmente, foi uma alegria, não só minha mais de todos que me rodeavam, esse passo importantíssimo, foi à porta para toda a visão do mundo. Foi nesse mesmo ano, ano de 2003, que vim saber o que era vida, vim ver a vida na prática. Nasci e realmente iluminei a vida dos meus pais, e esse amor cresceu, e achamos que precisaríamos de mais alguém... Foi assim, que, em fevereiro com a permissão e o plano de Deu nasceu meu querido irmão, Edmundo Alberto. Mas até hoje não sei quando os irmãos vão deixar de serem irritantes.

Como todos os irmãozinhos, o meu também foi crescendo, tendo seu mundo, seus brinquedos, seus amigos, sua vida. Com esse irmão, aprendi muita coisa, principalmente a dividir. Dividir o amor dos pais, da família, dividir os brinquedos, as broncas, as tristezas e principalmente as alegrias. 

Muitos de nós idealizamos relacionamentos, sonhamos em formar com o irmão uma parceria invejável. Entendi que irmãos não precisam andar juntos, gostar das mesmas coisas, falar sobre os mesmos assuntos, ter os mesmos amigos. O mais importante em se ter um irmão é saber que, aconteça o que acontecer na nossa vida, sempre vai ter alguém que vai nos amar só por ser nosso irmão.

E aqui estou eu, em 2011, com 14 aninhos, graças a Deus, sempre tive uma ótima vida, trago planos em mim, sorrisos, abraços, o medo do futuro, que está logo aí na minha frente, e só de pensar que tudo depende de mim, se for a vontade de Deus na minha vida, que eu sei que é o melhor pra mim, vem a certeza de que nunca estarei só.

Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca. É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei , mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer por que no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.

Descobri que nossos pais amam-nos porque somos seus filhos, é um fato inalterável. Nos momentos de sucesso, isso pode parecer irrelevante, mas nas ocasiões de fracasso, oferecem um consolo e uma segurança que não se encontram em qualquer outro lugar. Os seus braços sempre se abrem quando preciso um abraço. 

Teu coração sabe compreender quando preciso um amigo. Teus olhos sensíveis se endurecem quando preciso uma lição. Tua força e teu amor me dirigiram pela vida e me deram as asas que precisava para voar. Nem tenho palavras para agradecer a todo o amor de meus pais, todo o carinho, toda a dedicação a mim. 

Creio que eles são os melhores pais do mundo, entendo que toda correção é para o meu bem, todos os castigos, só querem que eu me torne o melhor no que eu quero ser. Só esperam que eu seja uma pessoa de bem, e mais importante, e é o que eu vou fazer, me firmar mais e mais na rocha (Jesus). 

Vejo tantos casais, uns brigando sempre, outros se separando, e em meus pais, só vejo amor sincero, vejo o agir de Deus nas nossas vidas, e entendo mais ainda que sem Deus nada possa fazer ou ser. 

Palavras seriam inúteis para o que eles realmente significam pra mim, mesmo às vezes eu pisando feio na bola, mais é que sou humana não é mesmo? E erro. Mais estou sempre fazendo o possível para não desapontá-los. E não sei realmente o que seria da minha vida sem eles.E é isso, estou vivendo da melhor forma que posso, sempre agradecendo e colocando minha vida diante do meu Deus, e que seja feita somente a vontade dele na minha vida.

Minha infância foi tão doce, minha adolescência é de mudanças, minha velhice será de lembranças.

Rebeca Mariano


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